segunda-feira, 15 de abril de 2013

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Rússia lembra vitória de 1945

MOSCOU (EFE) - A Rússia lembrou ontem o 65° aniversário da vitória sobre a Alemanha nazista na Grande Guerra Pátria (1941-1945) com a tradicional parada militar na Praça Vermelha, que neste ano teve a presença no desfile pela primeira vez de soldados dos países aliados na Segunda Guerra Mundial. Em seu discurso a partir da tribuna, o presidente russo, Dmitri Medvedev, destacou a presença de tropas dos países integrantes da coalizão antihitleriana, assim como de tropas dos Estados-membros da pós-soviética Comunidade dos Estados Independentes (CEI). “Esta formação única é um testemunho de nossa vontade comum de defender a paz e não permitir uma revisão dos resultados da guerra”, disse.


O chefe do Kremlin conclamou à unidade para enfrentar os novos desafios e ameaças globais. “Só juntos podemos enfrentar às ameaças atuais, com base na boa vizinhança podemos solucionar os problemas de segurança global, para que os ideais da justiça e o bem triunfem no mundo todo, e a vida das futuras gerações seja livre e feliz”, afirmou.



Segundo Medvedev, o mal acumula forças, por isso é preciso estar sempre atento. “As lições da Segunda Guerra Mundial nos chamam à solidariedade. A paz é frágil, como sempre foi, e estamos obrigados a lembrar que a guerra não começa de repente”, disse.



Além disso, ressaltou que “em 1945 se alcançou a vitória, não só militar, mas também moral, uma vitória global”. Em seu discurso, Medvedev teve palavras de agradecimento para os veteranos: “há 65 anos, conquistastes a paz para nosso país e para todo o planeta e nos destes a possibilidade de viver. Nossa mais profunda reverência diante de vós. Feliz Dia da Vitória! Glória aos vencedores!”.



Medvedev tomou a palavra depois que o ministro da Defesa russo, Anatoli Serdiukov, passou as tropas em revista. Após o discurso, soou o hino da Rússia, que deu início ao desfile pelo da Praça Vermelha de soldados russos, de países da CEI e dos Estados Unidos, do Reino Unido, França e Polônia, ao que seguiram 159 veículos militares. Abriram a passagem tanques T-34 e foi exibida a artilharia autopropulsada SU-100 de tempos da disputa mundial.



Circularam também pela Praça Vermelha foguetes tático-operacionais Iskander-M, sistemas de defesa aérea com mísseis S-300, S-400 e Pantsyr-S1, plataformas de lançamento múltiplos de foguetes Smerch e plataformas móveis com mísseis balísticos intercontinentais Topol-M, a arma mais temível do arsenal russo. Depois, 127 equipamentos, entre aviões militares de transporte e helicópteros de ataque e de transporte, sulcaram os céus da capital russa divididos em 20 grupos.



Fecharam a parada, orquestras militares dos Estados Unidos, Reino Unido, França e Rússia, que interpretaram a “Ode à Alegria”, o quarto movimento da 9ª Sinfonia de Beethoven, o hino oficial russo e o da União Europeia. À cerimônia, na qual participaram 11,5 mil soldados, assistiram três mil veteranos, 200 procedentes de outros 24 países.



Entre os 30 líderes estrangeiros presentes na cerimônia estavam a chanceler alemã, Angela Merkel, o presidente israelense, Shimon Peres, e o dirigente chinês, Hu Jintao. Após o desfile, o presidente russo e seus convidados estrangeiros se dirigiram aos pés das muralhas do Kremlin, onde fizeram um minuto de silêncio diante do túmulo do Soldado Desconhecido

Taleban é o Responsável

WASHINGTON (Folhapress) - O governo dos EUA afirmou, ontem, ter provas de que o Taleban no Paquistão está por trás da tentativa malsucedida de ataque terrorista com um carro-bomba no último dia 1° na Times Square, importante centro turístico de Nova York. Nos últimos dias, sinais contraditórios sobre tal elo confundiram autoridades. O braço paquistanês do grupo radical islâmico já havia assumido a autoria de “um ataque” em Nova York em vídeo na internet, mas a legitimidade da mensagem foi inicialmente questionada. Dias depois, membros do grupo negaram o elo.


A ação foi perpetrada por Faisal Shahzad, um paquistanês naturalizado americano que deixou um carro ligado carregado com explosivos, tanques de propano e gasolina em uma esquina próxima à Times Square na tarde do dia 1°. Inicialmente, pensou-se que a ação fora obra de um terrorista isolado. Em entrevistas à TVs americanas ontem, porém, o secretário da Justiça americano, Eric Holder, confirmou que o Taleban paquistanês está “intimamente envolvido” no atentado, orientando sua execução e financiando-o.



O principal conselheiro da Casa Branca para contraterrorismo, John Brennan, também afirmou que Shahzad foi treinado pelo Taleban paquistanês. O terrorista passou cinco meses no Paquistão e voltou aos EUA em fevereiro deste ano, após, segundo ele, “receber dinheiro e basicamente ser enviado para realizar esse ataque”.



Agentes de inteligência americanos temem que o Taleban paquistanês tenha unido forças com a Al Qaeda e possam estar escondendo alguns de seus líderes, inclusive Osama bin Laden. Antes da tentativa frustrada na Times Square, porém, acreditava-se que esse braço radical tinha pouca capacidade para realizar ataques nos EUA.



Brennan argumentou que o fato de o atentado não ter dado certo mostra que as ações dos EUA contra extremistas têm funcionado. “Conseguimos minar a capacidade de treinamento dos campos (terroristas) no Sul asiático e na fronteira do Afeganistão e do Paquistão”, disse ele na CNN. “Estão optando por ataques pouco sofisticados por causa dos duros golpes recebidos”. Brennan e Holder não especificaram que tipo de provas há sobre o elo entre o ataque e o Taleban. Shahzad disse após ser preso há uma semana que foi treinado no Waziristão do Norte, base do Taleban paquistanês e da Al Qaeda. Para alguns analistas, Shahzad deve ser tratado como “combatente inimigo”, perdendo direitos de presos comuns.



Ainda ontem, outro paquistanês, um engenheiro civil, foi detido sob suspeita de terrorismo enquanto tentava embarcar para Omã em um aeroporto de Karachi. Ele foi flagrado em máquinas de scanner quando tentava entrar no voo com baterias e um circuito elétrico escondidos em seus sapatos. Não foram encontrados explosivos com o detido, mas um porta-voz do aeroporto disse que o porte do circuito elétrico é “preocupante”.

Anistia

“A decisão do STF rejeitando o pedido de revisão da Lei da Anistia revela que, se já alcançamos a maturidade da democracia política, ainda não nos livramos do medo da ditadura e da sombra asfixiante de seus algozes”. A afirmação é do ex-ministro da Justiça, Tarso Genro, que, em entrevista exclusiva à Carta Maior, classifica a decisão como um “erro jurídico e uma deformação histórica”. Para Tarso, o voto do relator Eros Grau repetiu argumento do jurista nazista Carl Schmitt, para quem em um estado de exceção, o Estado continua a existir enquanto o direito desaparece.

Marco Aurélio Weissheimer, em CARTA MAIOR

Na avaliação do ex-ministro da Justiça, Tarso Genro, a decisão do Supremo Tribunal Federal rejeitando o pedido da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) por uma revisão na Lei da Anistia representa um erro jurídico e uma grave deformação histórica. A OAB queria que o STF anulasse o perdão concedido a representantes do Estado (policiais e militares) acusados de praticar atos de tortura durante o regime militar. O pedido foi rejeitado por 7 votos a 2. “Uma das coisas que ela revela é que, se já alcançamos a maturidade da democracia política, ainda não nos livramos do medo da ditadura e da sombra asfixiante de seus algozes”, diz Tarso Genro, em entrevista exclusiva à Carta Maior.

Em julho de 2008, durante a gestão de Tarso Genro, o Ministério da Justiça realizou uma audiência pública sobre os limites e possibilidades para a responsabilização jurídica de agentes públicos que cometeram crimes contra a humanidade durante períodos de exceção. Essa audiência pública gerou um movimento para a construção de uma nova cultura político-jurídica no país. Seu ápice foi a propositura da Argüição de Descumprimento de Preceito Fundamental pela OAB junto ao STF, com o objetivo de interpretar a lei brasileira de anistia de modo compatível com a Carta Magna e o direito internacional. Pela primeira vez, o Governo brasileiro tratou formal e oficialmente do tema.

Para o ex-ministro da Justiça, “o ministro Eros Grau, que era conhecido como marxista, demonstrou que é um bom adepto de Carl Schmitt, para quem, em um estado de exceção, o Estado continua a existir enquanto o direito desaparece”.

Qual a sua avaliação sobre a decisão do STF relativa à Lei de Anistia?

Tarso Genro: Esta decisão do STF ainda vai mudar. Em outra decisão no futuro, deste mesmo tribunal. Uma das coisas que ela revela é que, se já alcançamos a maturidade da democracia política, ainda não nos livramos do medo da ditadura e da sombra asfixiante de seus algozes. A decisão insiste que uma conciliação entre os que comandaram os cárceres e os que estavam dentro dos cárceres é legítima para fundar o Estado de Direito.

A partir da convicção de que a transição democrática veio pela “via” da conciliação, tanto os que se opuseram -politicamente ou pela resistência armada ao regime- como os que defenderam o regime cometendo, por exemplo, torturas por motivação política, estão abrangidos pela Lei de Anistia. Porque, no caso, a tortura, como integrada ao processo político, seria crime “conexo”. Esta é, de maneira, simples e direta, a conclusão do voto vencedor do Min. Eros Grau, que teve a oposição frontal e digna apenas dos Ministros Ayres Brito e Levandowski.

Considerar passível de anistia política quem torturou, matou, estuprou, esquartejou -como fizeram com Davi Capistrano - e, assim, colocar num mesmo plano ético-moral, estes e os que resistiram ao regime militar, ou se insurgiram contra ele, e mesmo os que defendiam o regime porque acreditavam nele - inclusive usando a força, mas que não acreditavam que havia torturas, estupros ou assassinatos - é uma deformação histórica brutal.

Em que sentido é uma deformação histórica?

TG: O voto estabelece uma identidade total entre torturadores, resistentes, e também aprovadores do regime que jamais tiveram qualquer relação com as torturas, pois todos estão, pelo voto de Eros Grau, abrigados nas mesmas normas de anistia política. Esta é a conseqüência de considerar estes delitos como “conexos”.

O método interpretativo usado pelo Relator é o seguinte, apesar de floreios e disfarces teóricos que constam no seu voto: há um conjunto de normas que trata do assunto, que remete para o texto constitucional. O que se precisa verificar é, apenas, se a palavra “conexos” pode vincular-se aos torturadores, ou seja, se aqueles agentes públicos que, responsáveis pelo cumprimento da legalidade do próprio regime, estavam agindo por motivação política, quando torturaram, mataram ou estupraram. Ora, prossegue o raciocínio do Relator, se estavam a serviço do regime, para defendê-lo, fizeram-no por motivação política, logo, estão abrangidos pelo regime da anistia. Não cogita, o raciocínio do Relator, de nenhum elemento valorativo e de nenhuma correspondência entre fins e meios.

O ministro Eros Grau, que era conhecido como “marxista”, demonstrou que é um bom adepto de Carl Schmitt, para quem, em um estado de exceção, o Estado continua a existir enquanto o direito desaparece. Schmitt vê no estado de exceção precisamente o momento em que Estado e direito mostram sua irredutível diferença. O Estado persevera apesar do Direito. Esse é o ponto de Schmitt e parece ser também o que embasa o voto do relator.

A conexão alegada pelo ministro consiste em situar todas as ações, de qualquer natureza, desde que políticas, durante o período abarcado pela lei de anistia, como anistiadas. O problema aí é que, se o direito se esgota na lei, como aparentemente o ministro afirma na interpretação que orienta seu voto, recorrer à intenção dos torturadores, enquanto supostas partes apoiadoras do regime operando dentro das regras da exceção que lhe são próprias, não faz qualquer sentido. Salvo, é claro, se o “poder soberano” defendido por Schmitt estiver a perseverar apesar do direito, ainda hoje. E salvo se era essa a intenção da lei de anistia, a saber, a de ratificar a ditadura soberana a perpetuar seus efeitos.

A intenção da lei vale ou deve valer, em qualquer estado de direito; a intenção dos agentes de um regime não importa à lei, salvo quando se expressam como força, contra o direito.

Alguns dos juízes que votaram contra a revisão da Lei da Anistia se referiram ao caráter político da ação dos agentes públicos acusados de tortura. Em que sentido é possível falar de uma “dimensão política” da prática de tortura?

TG: Ora, se um agente público, cumprindo o seu dever formal de natureza funcional, mata alguém em combate, mesmo defendendo um regime injusto, não é possível inculpá-lo depois da queda do regime, pois seria exigir dele que tivesse um discernimento, num determinado contexto histórico, inexigível para a maioria dos cidadãos comuns. Obviamente, esta sim seria uma ação delituosa, perante os princípios da democracia, de pessoa sujeita às conexões políticas do estado ditatorial, mas dentro das regras do próprio regime. E se, no entanto, este mesmo agente, além de matar alguém em combate, profana o seu cadáver? É óbvio que a própria ditadura, se tiver lei penal em vigor, vai tratar este delito como delito comum.

Na sua opinião, uma revisão da Lei da Anistia poderia abalar a estabilidade jurídica e política do país, que estaria baseada num “pacto de conciliação” firmado na transição da ditadura para a democracia?

TG: O voto do Relator usou, para dar o benefício da aplicação da Lei de Anistia aos torturadores, o mesmo método interpretativo dos juizes na época do nazismo: o Direito é um jogo de formas, que se legitimam umas às outras, e elas são carentes de apreciação valorativa, por isso a lei não pode ser “revisada”, o que quer dizer simplesmente não pode ser interpretada fora do que atualmente se pensa que quiseram dizer à época. Aliás, insinuando de maneira totalmente manipulatória que os movimentos pela anistia também continham um pedido de perdão para os torturadores, o que é uma falsificação gritante.

Todo o raciocínio se escora na existência de uma “conciliação” para a transição democrática, que redundou numa concessão da ditadura -concessão conquistada sob pressão política- mas que não teve força para ensejar uma ampla autoanistia, através de um diploma jurídico obscuro e obviamente aberto à interpretação. Ele, na verdade, insinuava um perdão absoluto, antecipado aos torturadores, pois os “subversivos” já tinham sido, muitos, presos, torturados ou mortos.

O ministro Eros Grau poderia dizer no seu voto, mesmo julgando parcialmente improcedente a ação da OAB, que torturas, estupros, assassinatos em interrogatórios, esquartejamentos, jamais podem ser considerados como delitos políticos ou “conexos” a crimes políticos, ou seja, vinculados a eles, e isso não ofenderia nenhum militar -se é que era esse o seu temor- pois as Forças Armadas brasileiras não orientaram, como instituição, ninguém para torturar ou estuprar. Quando se pede o julgamento -não se pede que ninguém seja torturado ou morto- o que se quer é que estes agentes públicos sejam julgados e os seus atos sejam expostos publicamente como foram os atos dos “subversivos” julgados, aliás, diferentemente dos crimes dos torturadores, e muitos presos e torturados.

Qual é a consequência dessa decisão para a luta pela anistia e pelo julgamento dos crimes cometidos durante a ditadura?

TG: A idéia de regulação no Direito contemporâneo, moldada a partir do renascimento e passando pelo iluminismo revolucionário, nos diz o seguinte, como verdadeira centralidade do Estado de Direito e da democracia moderna, que não parece sensibilizar Eros Grau: nada pode ser acordado e executado no Estado que não possa ser acordado a partir de um contrato. Este é o fundamento da legitimidade do Estado, que foi violentada partir da decisão do Supremo. Ao sustentar que um contrato político anistiou também torturadores e estupradores o voto do Relator deslegitimou a luta pela anistia, que assim passou a alcançar também criminosos comuns.

Gostaria de lembrar, por fim, que Nelson Mandela, quando estava no cárcere, negava-se a pedir para cessar a luta armada. Ele dizia que só faria isso quando estivesse solto. Uma vez solto, dialogou, negociou e fez a transição por meio da Comissão da Verdade e da Reconciliação, mas os assassinos reconheceram publicamente os tormentos que infligiram ao seu povo. Por essa razão, foi desnecessário que fossem para o cárcere.

João Cândido

A Transpetro lançou ao mar o navio petroleiro João Cândido. Batizado com o nome de um dos nossos heróis, marinheiro negro, filho de escravos e líder da Revolta da Chibata, o navio tem 247 metros de comprimento, casco duplo que previne acidente e vários significados históricos. Primeiro, leva a industrialização para Pernambuco, contribuindo para reduzir as desigualdades regionais. Em segundo lugar, dá um cala-boca para quem insinuou de forma maldosa que o PAC era apenas virtual. Em terceiro, prova que está em curso a remontagem da indústria naval brasileira criminosamente destruída na era da privataria. O artigo é de Beto Almeida. Em CARTA MAIOR.

Beto Almeida (*)

Nesta sexta-feira a Transpetro lançou ao mar o navio petroleiro João Cândido. Batizado com o nome de um dos nossos heróis, marinheiro negro, filho de escravos e líder da Revolta da Chibata, o navio tem 247 metros de comprimento, casco duplo que previne acidente e vários significados históricos. Primeiro, leva a industrialização para Pernambuco, contribuindo para reduzir as desigualdades regionais. Em segundo lugar, dá um cala-boca para quem insinuou de forma maldosa que o PAC era apenas virtual. Em terceiro, prova que está em curso a remontagem da indústria naval brasileira criminosamente destruída na era da privataria. Como um simbolismo adicional, um total de 120 operários dekasseguis foram trazidos do Japão, com suas famílias, para juntarem-se aos operários nordestinos que construíram o navio. Os primeiros não precisam mais morar longe da pátria; os outros, saem do canavial para a indústria e não precisam mais pegar o pau-de-arara, nem entoar com amargura a Triste Partida, de Patativa do Assaré, como um certo pernambucano teve que fazer na década de 50. Até que virou presidente.

Mulheres trabalhando como chefes de equipe de soldagem no Estaleiro Atlântico Sul, no município de Ipojuca, em Pernambuco, pronunciavam frases orgulhosas lembrando que não sabiam nem que esta também poderia ser uma tarefa feminina. O ex-pescador de caranguejo contava em depoimento agreste que antes do estaleiro não sabia direito como ganhar o sustento da família a cada dia que acordava. O ex-canavieiro, agora operário, destaca que não depende mais temporalidade insegura da colheita da cana e quando acorda já tem para onde ir, quando antes vivia a insegurança. Estes alguns dos vários depoimentos colhidos na inauguração do navio petroleiro João Cândido ao ser lançado ao mar pernambucano. Deixa em terra um rastro de transformação.

Inicialmente, na vida destas pessoas antes lançadas ao deus-dará de uma economia nordestina reprimida, desindustrializada. A transformação atinge os municípios mais próximos, pois no local onde foi construído o estaleiro, uma antiga moradora, Mônica Roberta de França, negra de 24 anos, que foi escolhida para ser a madrinha do navio, dizia que ali era um imenso areal, não tinha nada. Agora tem uma indústria e uma escola técnica para os jovens da região. E que só agora ela tem seu primeiro emprego na vida com carteira assinada.

Desculpas à Nação
Para o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, o lançamento do João Cândido ao mar tem o mesmo alcance histórico do gesto de Getúlio Vargas quando deu forte impulso à nacionalização da indústria naval brasileira, na década de 30, por meio da empresa de navegação estatal. “Aqueles que destruíram a indústria naval tem que assumir sua responsabilidade e pedir desculpas à Nação”, disse Campos na solenidade que teve a participação de 5 mil pessoas aproximadamente, sobretudo dos operários.

O Navio João Cândido abre uma nova rota para a economia brasileira. Incialmente, porque a Petrobrás já não será obrigada a desembolsar cerca de 2,5 bilhões de reais por ano com o afretamento de navios estrangeiros. Há, portanto, um revigoramento do papel do estado na medida em que a reconstrução da indústria naval brasileira é resultado direto de encomendas da nossa empresa estatal petroleira. O que também permite avaliar a gravidade e o caráter antinacional das decisões que levaram um país com a enorme costa que possui, tendo montado uma economia naval de peso internacional respeitável, retroceder em um setor tão estratégico.

E isso quando nossa economia petroleira, há anos, já dava sinais de expansão, mesmo quando estavam no poder os que promoveram o espantoso sucateamento, a desnacionalização e a abertura da navegação em favor dos países que querem impedir nosso desenvolvimento. Este tema, certamente, não poderá faltar nos debates da campanha presidencial deste ano.

Almirante negro
A escolha do nome João Cândido também foi destacada na solenidade por meio do novo ministro da Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial, Eloy Moreira. Vale registrar que há pouco mais de um ano Lula participou de homenagem ao Almirante Negro inaugurando sua estátua na Praça XV, no Rio, que estava há anos guardada, supostamente porque não teria havido grande empenho da Marinha na realização desta solenidade. Pois bem, agora João Cândido não está apenas nas “pedras pisadas do cais”, com diz a maravilhosa canção de Bosco e Blanc. Está na estátua e está cruzando mares levando para o mundo afora o nome de um de nossos heróis.

Navegar é possível
O novo petroleiro estatal, portanto, é uma prova real de que sim “navegar é possível”, como dizia uma faixa no ato. Navegar na rota inversa daquela que promoveu o desmantelamento da nossa indústria naval. Navegar na rota da revitalização e qualificação do papel protagonista do estado. Recuperar um curso que havia sido fundado lá durante a Era Vargas onde se combinava industrialização e nacionalização com geração de empregos e direitos trabalhistas. Se no período neoliberal foi proclamada a idéia de destruir a “Era Vargas”, agora, está não apenas proclamada, mas já colocada em marcha, a necessidade de reconstruir a partir dos escombros da ruína das privatizações - entulho neoliberal - tendo no dorso no navio-gigante o nome heróico do líder da Revolta da Chibata. Sem revanchismo, o episódio permite lembrar outra canção: “É a volta do cipó de aroeira no lombo de quem mandou dar”

(*) Presidente da TV Cidade Livre de Brasília

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Recife reencontra Nabuco!!!

História // Instituto Banco Real abriga exposição com documentos, objetos e fotos que resgatam vida do abolicionista!!!

Ofato é que a gente sai da vida escolar conhecendo mais a Mesopotâmia, com os seus sumérios e acadianos que os personagens que fizeram a diferença na história brasileira. Não estou falando dos condes, duques e imperadores, mas de gente como Joaquim Nabuco, Josué de Castro, Paulo Freire, Celso Furtado - com sorte, muita sorte, vamos encontrar uma ou duas linhas sobre eles nos livros indicados em nossas escolas. Por isso a exposição Joaquim Nabuco: Brasileiro, cidadão do mundo, que será aberta amanhã no Recife, prosseguindo até 11 de julho, é um daqueles biscoitos finos raros de encontrar.


Diplomata e cidadão do mundo, Nabuco defendia, além da causa abolicionista, a reforma agrária e a universalização da educação Foto: Fundaj/Divulgacao
A exposição foi instalada ano passado no Rio de Janeiro; agora chega ao Recife. No Rio, a entrada era paga (R$ 6); no Recife, a entrada é franca e, além disso, a mostra será mais ampla. Terá peças que não fizeram parte da mostra na capital carioca, como o documento original da Lei Áurea (do acervo do Arquivo Nacional) e o processo do escravo Tomás (acervo Fundação Joaquim Nabuco), defendido por Nabuco quando era estudante de Direito no Recife, em 1869. O local é o Instituto Cultural Banco Real/Santander Cultural (Av. Rio Branco, 23, Bairro do Recife). Haverá visitas guiadas para escolas, mediante agendamento feito por telefone.

Joaquim Nabuco nasceu no Recife, em 19 de agosto de 1849. Tornou-se o maior dos nossos abolicionistas, defendendo como parlamentar e ativista um pacote de reformas que incluíam abolição, reforma agrária e universalização da educação (como sabemos, só a primeira virou realidade). Foi ainda escritor, historiador e diplomata - morreu como embaixador do Brasil nos EUA, em 17 de janeiro de 1910, aos 60 anos.

A exposição faz uma narrativa da vida dele desde a infância - no Engenho Massangana, no Cabo (PE) - até a morte, em Washington. Divide-se em três módulos, acertadamente organizados em ordem cronológica (sem cair na tentação de experimentalismos, talvez pertinentes quando o personagem é da cultura pop, mas inadequados quando se trata de alguém como Nabuco). As peças são do acervo da família, da Fundação Joaquim Nabuco, do Museu Histórico Nacional e do Arquivo Nacional. Entre elas encontram-se objetos que pertenceram a Nabuco, como a caneta provavelmente usada para assinar a Lei Áurea; as primeiras edições de livros clássicos dele; fotos e correspondências com figuras ilustres do Brasil monarquista e republicano. Um destaque a mais são os recursos multimídia, que entre outras coisas permitirão aos visitantes ouvir um discurso do abolicionista na voz do ator baiano Othon Bastos.

A curadoria é da cientista política Helena Severo, com cenografia do arquiteto Chicô Gouveia e animação multimídia de Marcello Dantas. O patrocínio é do Grupo Santander Brasil e Ministério da Cultura, com apoio da Fundação Joaquim Nabuco, governo de Pernambuco e prefeituras de Olinda, Jaboatão dos Guararapes e Cabo de Santo Agostinho. O ideal seria que, aproveitando a comemoração do Ano Joaquim Nabuco, a exposição circulasse também por alguns grandes polos do interior, como os municípios de Caruaru, Garanhuns e Petrolina.

terça-feira, 13 de abril de 2010

12/04/2010 - ISRAELENSES LEMBRAM HOLOCAUSTO

JERUSALÉM (AE-AP) - O triste gemido das sirenes ecoou ontem por Israel, paralisando as atividades enquanto o país recordava o Holocausto nazista, que matou até seis milhões de judeus na época da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). A data anual israelense lembra as vítimas do massacre, em um momento em que essa nação teme a suposta ameaça nuclear do Irã. Israelenses afirmam ter medo de que o mundo demore muito a reagir ao Irã e a seu programa nuclear, como demorou diante da ameaça de Adolf Hitler no século passado.


As ondas de rádio tocavam músicas melancólicas, trazendo relatos de sobreviventes do Holocausto. Durante os dois minutos em que a sirene soou - um ritual anual em Israel -, os motoristas desligaram seus veículos e as pessoas pararam para marcar, de pé, o fato. A capa do jornal Yediot Ahronot publicou uma fotografia em preto e branco de um polonês judeu com barba, envolto em um manto para orações, enquanto estava de joelhos com os punhos levantados diante de soldados nazistas antes de ser executado. O homem era o avô materno de Meir Dagan, chefe da agência de espionagem Mossad. Dagan disse ao diário que vê as fotos “todos os dias e prometo que algo assim não voltará a acontecer”.



Após 65 anos do fim da Segunda Guerra Mundial, há 207 mil sobreviventes do Holocausto, muitos indigentes e sós, vivendo em Israel. Nos últimos dois anos, morreram 63 mil sobreviventes do Holocausto no país, onde há a maior comunidade de sobreviventes da tragédia. Outros 200 mil sobreviventes moram em outras partes do mundo. Os nazistas eliminaram um terço da população judaica do mundo na época.



O memorial do holocausto Yad Vashem escolheu o tema “Vozes dos Sobreviventes” para a lembrança deste ano e a arte exibida mostra os trabalhos de cerca de 300 sobreviventes. As obras coletadas durante dezenas de anos incluem coloridos murais sobre a máquina nazista de extermínio.